Meu filho foi mordido!
O que posso fazer?
Sala
do especialista; Psicólogo por Bianca Amorim
- 17 de setembro de 2013.
♫ Quem tem
medo do lobo mal,
lobo mal,
lobo mal… ♫
E quem medo
do filho levar uma mordida na creche?
Quando me
foi pedido que escrevesse sobre este tema, preciso confessar que pensei em
passar adiante para outra colega! Por quê?! Simplesmente porque o tema surgiu
exatamente na semana em que coloquei meu filho na creche e é claro que tudo que
eu não gostaria de pensar naquele momento é que algum anjinho daqueles que ali
estavam poderia qualquer dia desses abrir a boquinha e “NHAC” no
meu filho. Também não queria pensar na vergonha alheia de ao invés de ter o
filho mordido, ser a mãe do mordedor da turma! Ambas situações constrangedoras
e que chateiam qualquer pai. Contudo, aceitei o desafio até como forma de me
antecipar aos acontecimentos!
Antes de
colocarmos a escolinha em foco, é importante entendermos que isso faz parte do
cotidiano escolar até 2 anos e meio da criança e não necessariamente será culpa
do responsável pela turma. É preciso saber que as crianças a partir do
nascimento até 2 anos e meio vivem o que Sigmund Freud chamou de “oralidade”,
fase que faz parte do desenvolvimento psicossexual do indivíduo. É o momento de
descobrir o mundo pela boca! É por meio dela que a criança ri, chora, balbucia,
aceita ou rejeita o alimento, experimenta sabores e texturas diferentes. Além
disso, nesta idade, a linguagem ainda não está bem desenvolvida, falta
vocabulário para expressar tudo aquilo que a criança quer e é aí que boca
também entra como forma de comunicação. A mordida é uma reação normal de uma
criança que quer extravasar seus desejos, anseios, se expressar e/ou aliviar o
estresse e a irritação.
As mordidas
podem ocorrer por vários motivos: o mais comum é a disputa por brinquedos.
Porém, também pode ser quando entra uma criança nova no grupo, pois isso gera
uma insegurança, medo da perda ou ciúmes do novato. Podem, inclusive, estar
relacionadas a novidades em casa, como a chegada de um(a) irmãozinho(a). Outra
possibilidade, é que a criança encontrou na mordida uma maneira para chamar a
atenção para si.
© Angel Luis Simon Martin |
Dreamstime.com
|
Mas se é uma
reação normal, isso quer dizer que nós pais e educadores precisamos aceitar
isso e não tomar nenhuma atitude a respeito? NÃO! No entanto, é necessário
aliviar a tensão que se coloca sobre esse tipo de situação, principalmente com
relação à criança que mordeu, pois este gesto nada reflete em seu comportamento
no futuro.
O que fazer
nesta situação, então:
Educador:
Ao educador cabe a intervenção no
momento do ocorrido, de forma a explicar à criança que mordeu que aquilo dói e
machuca o colega, que não é uma atitude legal. Esta conversa deve se dar de
forma tranquila e jamais expor a criança perante aos demais colegas.
É crucial que o educador entenda
o motivo da mordida, o que a criança estava querendo verbalizar, para ajudar
esta criança a se manifestar através da linguagem em um próximo momento.
O educador deve tentar canalizar
esta necessidade oral para outras coisas. Satisfazer os impulsos orais com uma
bolacha, com um brinquedo ou com a chupeta são boas alternativas, mas nunca o
corpo do coleguinha.
Educador, não dê uma bronca na
frente de todo mundo, pois isso pode deixar a criança ainda mais nervosa e
talvez mais agressiva. Ao invés disso, descubra porque isso aconteceu, pois
caso a mordida tenha acontecido em um momento de disputa de brinquedo, deixar a
criança com o brinquedo adquirido injustamente (pela mordida) pode incentivá-la
a repetir o ataque sempre que quiser algo, além de indiretamente incentivar uma
mordida de troco.
Uma boa sugestão também é
estimular a afetividade e propiciar um ambiente em que as trocas sejam
constantes, ajudando as crianças a se familiarizarem com o dividir (espaço,
objeto e atenção).
Escola:
A orientação é fazer a mediação
entre as famílias e entender se a criança está passando por um momento
diferente do acostumado no contexto familiar.
Deve-se passar tranquilidade aos
pais da criança que mordeu, explicar que a atitude isolada não significa
agressividade.
É preciso explicar aos pais da
criança mordida sobre a fase oral e pedir para que a criança não seja
estimulada a revidar e nem ficar apreensiva com o coleguinha.
Propiciar um ambiente com
materiais e brinquedos adequados à faixa etária da criança e em quantidade
suficiente para atendê-los e evitar situações de ócio também são boas táticas
para diminuir a probabilidade de incidentes dessa ordem.
Pais:
Lembrem-se sempre que pode
parecer uma inocente brincadeira, mas as mordidinhas que damos nas crianças
para descontraí-las podem ser o fator desencadeador para que ela morda alguém
na escola. Brincadeiras com a boca confundem a cabeça da criança e podem
levá-las a quererem reproduzir o gesto com o coleguinha, porém, diferentemente
dos adultos, a criança não tem ainda controle da força da mandíbula. Por isso,
por mais que seja algo divertido e que faça a criança gargalhar, o mais
prudente seria brincar e estimular a criança de outros modos com a boca, como
beijos, sopros, cheiros…
É essencial ficar atento em casos
de repetição, tanto se seu filho continuar mordendo, quanto se ele for mordido
constantemente. No caso do seu filho ser o mordedor, é necessário avaliar em
que contexto isso tem acontecido e se há algo que ele queira dizer que não está
sendo dada a devida importância. No caso do seu filho ser o alvo de constantes
mordidas, deve-se dar uma atenção especial, pedir auxílio da escola para ajudar
a melhorar seus reflexos, expressar seu descontentamento e encontrar mecanismos
de defesa, sem que isso signifique uma ação de revide ao coleguinha mordedor.
Passado o medo inicial, até que
não foi tão difícil parar e estudar este tema. Agora tenho certeza de que, caso
esta situação venha a acontecer com meu filho, serei uma aliada da escola, da
educadora e dos outros pais para solucionar o problema da forma mais branda
possível.
Caso tenham alguma dúvida,
comentário ou experiência de “mordidas” envolvendo crianças, adoraria que
compartilhassem.
Até a próxima, mamães
e papais!
Disponível em: <http://www.mamaenarede.com.br/meu-filho-foi-mordido-o-que-fazer/>. Acesso em: 23 de Mar de 2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário