"A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria".

Paulo Freire

quinta-feira, 23 de março de 2017

Mordidas na Educação Infantil o que fazer........


Meu filho foi mordido! O que posso fazer?
Sala do especialista;   Psicólogo  por Bianca Amorim - 17 de setembro de 2013.



♫ Quem tem medo do lobo mal,

lobo mal, lobo mal… ♫

E quem medo do filho levar uma mordida na creche?
Quando me foi pedido que escrevesse sobre este tema, preciso confessar que pensei em passar adiante para outra colega! Por quê?! Simplesmente porque o tema surgiu exatamente na semana em que coloquei meu filho na creche e é claro que tudo que eu não gostaria de pensar naquele momento é que algum anjinho daqueles que ali estavam poderia qualquer dia desses abrir a boquinha e “NHAC” no meu filho. Também não queria pensar na vergonha alheia de ao invés de ter o filho mordido, ser a mãe do mordedor da turma! Ambas situações constrangedoras e que chateiam qualquer pai. Contudo, aceitei o desafio até como forma de me antecipar aos acontecimentos!
Antes de colocarmos a escolinha em foco, é importante entendermos que isso faz parte do cotidiano escolar até 2 anos e meio da criança e não necessariamente será culpa do responsável pela turma. É preciso saber que as crianças a partir do nascimento até 2 anos e meio vivem o que Sigmund Freud chamou de “oralidade”, fase que faz parte do desenvolvimento psicossexual do indivíduo. É o momento de descobrir o mundo pela boca! É por meio dela que a criança ri, chora, balbucia, aceita ou rejeita o alimento, experimenta sabores e texturas diferentes. Além disso, nesta idade, a linguagem ainda não está bem desenvolvida, falta vocabulário para expressar tudo aquilo que a criança quer e é aí que boca também entra como forma de comunicação. A mordida é uma reação normal de uma criança que quer extravasar seus desejos, anseios, se expressar e/ou aliviar o estresse e a irritação.
As mordidas podem ocorrer por vários motivos: o mais comum é a disputa por brinquedos. Porém, também pode ser quando entra uma criança nova no grupo, pois isso gera uma insegurança, medo da perda ou ciúmes do novato. Podem, inclusive, estar relacionadas a novidades em casa, como a chegada de um(a) irmãozinho(a). Outra possibilidade, é que a criança encontrou na mordida uma maneira para chamar a atenção para si.

© Angel Luis Simon Martin | Dreamstime.com
Mas se é uma reação normal, isso quer dizer que nós pais e educadores precisamos aceitar isso e não tomar nenhuma atitude a respeito? NÃO! No entanto, é necessário aliviar a tensão que se coloca sobre esse tipo de situação, principalmente com relação à criança que mordeu, pois este gesto nada reflete em seu comportamento no futuro.
O que fazer nesta situação, então:
Educador:
           Ao educador cabe a intervenção no momento do ocorrido, de forma a explicar à criança que mordeu que aquilo dói e machuca o colega, que não é uma atitude legal. Esta conversa deve se dar de forma tranquila e jamais expor a criança perante aos demais colegas.
           É crucial que o educador entenda o motivo da mordida, o que a criança estava querendo verbalizar, para ajudar esta criança a se manifestar através da linguagem em um próximo momento.
           O educador deve tentar canalizar esta necessidade oral para outras coisas. Satisfazer os impulsos orais com uma bolacha, com um brinquedo ou com a chupeta são boas alternativas, mas nunca o corpo do coleguinha.
           Educador, não dê uma bronca na frente de todo mundo, pois isso pode deixar a criança ainda mais nervosa e talvez mais agressiva. Ao invés disso, descubra porque isso aconteceu, pois caso a mordida tenha acontecido em um momento de disputa de brinquedo, deixar a criança com o brinquedo adquirido injustamente (pela mordida) pode incentivá-la a repetir o ataque sempre que quiser algo, além de indiretamente incentivar uma mordida de troco.
          Uma boa sugestão também é estimular a afetividade e propiciar um ambiente em que as trocas sejam constantes, ajudando as crianças a se familiarizarem com o dividir (espaço, objeto e atenção).
Escola:
          A orientação é fazer a mediação entre as famílias e entender se a criança está passando por um momento diferente do acostumado no contexto familiar.
          Deve-se passar tranquilidade aos pais da criança que mordeu, explicar que a atitude isolada não significa agressividade.
          É preciso explicar aos pais da criança mordida sobre a fase oral e pedir para que a criança não seja estimulada a revidar e nem ficar apreensiva com o coleguinha.
          Propiciar um ambiente com materiais e brinquedos adequados à faixa etária da criança e em quantidade suficiente para atendê-los e evitar situações de ócio também são boas táticas para diminuir a probabilidade de incidentes dessa ordem.
Pais:
          Lembrem-se sempre que pode parecer uma inocente brincadeira, mas as mordidinhas que damos nas crianças para descontraí-las podem ser o fator desencadeador para que ela morda alguém na escola. Brincadeiras com a boca confundem a cabeça da criança e podem levá-las a quererem reproduzir o gesto com o coleguinha, porém, diferentemente dos adultos, a criança não tem ainda controle da força da mandíbula. Por isso, por mais que seja algo divertido e que faça a criança gargalhar, o mais prudente seria brincar e estimular a criança de outros modos com a boca, como beijos, sopros, cheiros…
          É essencial ficar atento em casos de repetição, tanto se seu filho continuar mordendo, quanto se ele for mordido constantemente. No caso do seu filho ser o mordedor, é necessário avaliar em que contexto isso tem acontecido e se há algo que ele queira dizer que não está sendo dada a devida importância. No caso do seu filho ser o alvo de constantes mordidas, deve-se dar uma atenção especial, pedir auxílio da escola para ajudar a melhorar seus reflexos, expressar seu descontentamento e encontrar mecanismos de defesa, sem que isso signifique uma ação de revide ao coleguinha mordedor.
          Passado o medo inicial, até que não foi tão difícil parar e estudar este tema. Agora tenho certeza de que, caso esta situação venha a acontecer com meu filho, serei uma aliada da escola, da educadora e dos outros pais para solucionar o problema da forma mais branda possível.
         Caso tenham alguma dúvida, comentário ou experiência de “mordidas” envolvendo crianças, adoraria que compartilhassem.
          Até a próxima, mamães e papais!


Disponível em: <http://www.mamaenarede.com.br/meu-filho-foi-mordido-o-que-fazer/>. Acesso em: 23 de Mar de 2017.


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